
Chamava-se George e era considerado o caracol mais solitário do mundo, por ser o último conhecido da sua espécie, a Achatinella apexfulva. Morreu no dia 1 de Janeiro, aos 14 anos de idade, num tanque da Universidade do Havai. É a primeira espécie declarada extinta em 2019.
«Os investigadores e os conservacionistas têm procurado esta espécie [na natureza] nos últimos 20 anos e não tiveram a sorte de encontrar algum exemplar», disse ao EcoWatch David Sischo, coordenador do Programa de Prevenção da Extinção do Caracol do Havai.
Nos anos 1990, os cientistas chegaram a pensar que a espécie estava já extinta. Mas a esperança reavivou-se em 1997 quando foram encontrados 10 exemplares, que foram levados para a Universidade do Havai. A ideia era que eles se reproduzissem para mais tarde os seus descendentes serem colocados na natureza.
Contudo, tanto os caracóis capturados com as suas crias foram morrendo um a um, só restando George. O nome era uma homenagem à tartaruga-das-galápagos-de-pinta (Chelonoidis nigra abingdoni), a última da sua espécie, que morreu no dia 24 de Junho de 2012 com mais de 100 anos.
De acordo com o Departamento de Terra e Recursos Naturais do Havai, em 2017, foi colhida uma amostra de tecido de George para investigação. O tecido permanece vivo, congelado no Jardim Zoológico de San Diego, nos EUA.
A primeira referência a esta espécie data de 1787, ano em que o capitão britânico George Dixon atracou na ilha de O’ahu, no Havai. O nome, apex fulva (ponta amarela), refere-se a uma das características físicas da espécie.
O Havai é conhecido também pela sua variedade de espécies de caracóis terrestres. Chegaram a estar identificadas 750, mas actualmente só existem cerca de 10%. As alterações climáticas e as espécies invasoras são duas das principais ameaças à sua sobrevivência.